10 lições dos esportes de aventura
Essas modalidades cheias de adrenalina, no entanto, podem acrescentar ou desenvolver outras habilidades extremamente úteis na vida de quem se propõe a enfrentá-las. Do desejo de partir para a aventura à realização dela, tudo pode trazer um ensinamento passível de ser usado em outras esferas da vida. Confira as habilidades que você pode desenvolver praticando esportes de aventura.
Ambição
“Estabeleça objetivos pessoais, sonhe alto e assuma um compromisso com seus sonhos”, diz Raphael Bonatto, empresário e ultramaratonista de Curitiba. Seu último sonho foi correr 27 maratonas, uma em cada capital brasileira, em 27 dias consecutivos. Tarefa que exigiu mais do que preparo físico. “A parte mais difícil foi montar a logística para realizar as provas”.
Mas ele chegou lá: no dia 21 de novembro, com a Maratona de Curitiba, concluída em 3h19m, Raphael realizou mais um projeto. O próximo? “Atravessar Portugal, correndo de norte a sul, em sete dias, passando por cidades importantes da época do descobrimento do Brasil”, adianta. A lição: você não precisa querer ir à Lua, mas deve ter metas que estimulem seguir sempre em frente.
Planejamento
Você tem um sonho? É bom também saber como realizá-lo. “Para participar de uma corrida de aventura é preciso se preparar pelo menos dois meses antes. É importante conciliar a vida profissional e familiar com os treinos e a organização de toda a logística”, diz Danilo Vivan, jornalista e praticante de corridas de aventura.
“Organize seu tempo de forma inteligente e valorize cada minuto do seu dia. No final você ganha foco e disciplina”, atesta Raphael Bonatto, que também ministra palestras motivacionais, usando suas experiências no esporte como base desse trabalho.
Jogo de cintura
Como em uma prova de aventura, a vida é cheia de imprevistos. Diante de uma dificuldade, é preciso manter a calma e buscar alternativas. “A gente aprende a desenvolver um plano B, C e até D”, brinca Bonatto. De uma maneira ou de outra, você acaba superando os problemas!
Espírito de equipe
Corridas de aventura podem ser feitas em equipes – e a figura do líder é importante. “Mas sozinho ele não chega a lugar algum. As tarefas devem ser divididas pelo grupo e as decisões tomadas coletivamente. Descentralizar é a grande lição”, explica o professor de educação física Leonardo Barbosa, organizador da Haka Race, prova de aventura que envolve modalidades como trekking, mountain bike, técnicas verticais, canoagem e orientação.
Aprender a trabalhar em equipe é uma habilidade desenvolvida nos esportes de aventura
Embora os integrantes de uma equipe tenham objetivos semelhantes (chegar, concluir bem a prova), individualmente as pessoas reagem de modos diferentes a determinadas situações. “É legal identificar quais os pontos fortes e fracos de cada um e usar isso em favor do sucesso do grupo”, diz Danilo Vivan. “Uma corrida de aventura é um excelente exercício de convivência e tolerância”, completa Leonardo. Ou seja: respeite as características das outras pessoas, confie em suas habilidades e extraia o melhor que cada uma tem a oferecer.
Entusiasmo
A alegria é contagiante e serve como combustível. “Em um esporte de aventura não é só o resultado que importa: você aprende a tirar prazer de tudo o que faz”, revela o ciclista Odir Züge Júnior, praticante de provas Audax, modalidade ciclística de longas distâncias (200, 300, 400 e até 1200 quilômetros). “Vibre com aquilo que está realizando. Transmita entusiasmo e satisfação. Isso faz você ir mais longe”, completa Raphael Bonatto.
Decisão
Muitas vezes a decisão a ser tomada não é a mais convencional. Às vezes é preciso assumir uma posição e bancar os riscos. “Era a primeira corrida do meu parceiro. Estávamos pedalando e faltavam dois quilômetros para a chegada. De repente, um animal cruzou nossa frente, meu amigo capotou e até se machucou um pouco. Fora que a bike entortou. Pensei: ‘acabou’. Mas ele levantou, deu um jeito na bicicleta e disse que iríamos terminar de qualquer jeito. Felizmente, tudo acabou bem”, conta Danilo Vivan.
No caso do ciclista Odir Züge, a história teve outro desfecho. Ele participava do Audax 600 (600 quilômetros pedalando) e havia se preparado muito para a prova. Devido a um problema mecânico da bicicleta, ele rodou 70 quilômetros trepidando – o que causou fortes dores nos punhos e nas mãos. “Tive de abandonar. A gente aprende a respeitar os limites do corpo e, se for preciso, parar. O fracasso momentâneo faz parte do sucesso futuro”, diz.
Humildade
Procure tirar lições dos erros e dos acertos. “Esteja aberto ao aprendizado, busque sempre mais, atualize seus conhecimentos”, sugere o ultramaratonista Raphael Bonatto. Do planejamento à realização, há inúmeras formas de ampliar os horizontes. “Nas provas de longas distâncias de bicicleta, por exemplo, a gente carrega tudo o que vai precisar – até o número de remendos de pneu você tem que calcular. E nada como a experiência e a troca de informações para ensinar”, diz o ciclista Odir Züge.
Positividade
Seja positivo e acredite em seu potencial. Dificuldades e frustrações acontecem na vida, claro. O importante é não se deixar abater. “De manhã, levante-se para superar obstáculos e vencer. Na vida ou no esporte, elimine o ‘se…’ do seu vocabulário. Tem gente que vive dizendo ‘se eu tivesse mais dinheiro, realizaria tal coisa’, ‘se não tivesse tanto calor teria corrido melhor…’ Acredite em você, faça o seu melhor e pare de lamentar. Persista, não existe vitória sem barreiras”, afirma Raphael Bonatto. “A linha de chegada está ali e você pode atingi-la”, reforça Leonardo Barbosa.
Entusiasmo
Na hora da dificuldade, é normal achar que o sofrimento nunca vai ter fim. Mas tudo na vida passa. É legal competir, brigar por boas colocações, buscar a superação, mas é fundamental também se divertir durante o percurso. “Com o esporte de aventura você sente prazer não só com o resultado, mas principalmente com o caminho até chegar lá”, diz Odir Züge. “A gente incorpora uma visão mais positiva da vida e tem a percepção de que é capaz de superar os desafios da vida, sejam eles quais forem”, finaliza Danilo Vivan.
Por Yara Achôa, iG São Paulo
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